quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Iperó, 19 de fevereiro de 2014

Um ano e meio de injusto encarceramento.

Examinei todas as obras que se fazem debaixo do sol; e eis que tudo isso e vaidade e esforço inútil.
Porque na muita sabedoria há muita tristeza e quem aumenta a ciência aumenta a dor.”
(Eclesiastes 1-14,18)


Que a poderosa luz da Justiça Divina se derrame sobre nós, trazendo a compreensão necessária para o nosso crescimento espiritual.

Da babilônia não podemos esperar nada. Dia passa, mês passa, anos passam, séculos passam e só presenciamos a história se repetindo.
Mudam os atores mas o roteiro continua o mesmo; a comédia bufa do passado continua em cartaz e será a mesma de amanhã...
O calabouço sempre foi e sempre será de pedra; o ferrolho muda de forma, mas o corpo de ferro e a intenção da alma continua a mesma...

De tudo vi nos dias de minha vaidade. Há justo que perece por sua justiça e há ímpio que por sua maldade prolonga seus dias.” (Eclesiastes 7-15)

Isso vale para a infeliz verdade mostrada intencionalmente no Fantástico da Rede Globo: a operação de guerra deflagrada pela Policia Federal brasileira, juntamente com o exército paraguaio, contra os plantadores de cannabis naquele País.

Lamentável a interferência brasileira na soberania paraguaia, justificada e escamoteada como tratado de cooperação internacional para o combate às “drogas”.

Os proibicionistas de plantão podem até encontrar algum orgulho ou justificativa, mas é vergonhosa a submissão das Forças Armadas de um país à Policia de outro. É diplomaticamente lamentável e vem junto com uma sombra de ação imperialista que não condiz com o espírito da Constituição Brasileira nem como os sagrados direitos de “Livre Estado”.

A matéria jornalística, em formato de folhetim, descreve uma operação de guerra semelhante à cena hollywoddiana da tomada de uma praia do Vietnan por helicópteros do exército americano no filme “Apocalipse Now”, de Francis Ford Coppola. Só faltou a trilha sonora da cavalgada das valquirias. Lamentável.

Chegaram ao requinte cinematográfico do ângulo subjetivo de visão de um soldado paraguaio dentro de um helicóptero, descarregando insanamente uma metralhadora contra um praticamente invisível alvo no meio de uma plantação de cannabis.

Posteriormente mostrou-se que o alvo das saraivadas de balas disparadas pelo soldado paraguaio eram dois agricultores (cidadãos) paraguaios.

E o exército atirando contra o seu próprio povo... Isso é um despropósito constituicional! As Forças Armadas paraguaias são constituidas para proteger o povo paraguaio, não para tratá-lo como inimigo de Estado.

A edição, em estilo “cinema verdade”, mostra o total desvio de função dos soldados do exército paraguaio, pois aquela operação seria trabalho para a polícia provincial com apoio do Ministério da Agricultura daquele país.

Vimos soldados com facão na mão cortando uma parrela de arbustos e amontoando-os para a fogueira. Ao fundo os dois miseráveis camponeses - que declaravam não ter outro meio de sobrevivência, pois são abandonados pelo Estado, eram exibidos como troféu pelo pelotão militar.
Quanta hipocrisia!

Depois, para efeito de marketing, as imagens do “trabalho” de destruição das instalações “subversivas”: um caco de espuma à guisa de colchão, uns pedaços de galhos como estrutura e uma velha lona preta plástica usada na cobertura...

Qual a intenção dessa tola e desproporcional exibição de poderio bélico contra dois desgraçados campesinos?

A resposta vem da boca do oficial militar paraguaio e do agente policial brasileiro: “A Guerra Contra as Drogas”.

Este termo foi ressucitado da tumba do Nixon, que foi o primeiro a usá-lo na década de 1960.

Ronald Reagan, o mais ignorante e reacionário presidente americano também usou o impactante “The War on Drugs” para justificar o descabido volume de dólares consumidos pelo DEA no início dos anos 1980.

Estamos usando um bordão como ferramenta de marketing que o mundo pseudo-evoluído (USA e Europa) deixou de usar há mais de três décadas.

Isso mostra o descompasso entre a nossa sociedade e o dito “primeiro mundo”.

Guerra contra as drogas” é uma ferramenta de marketing político extremamente cara – econômica, social e diplomaticamente falando.

Quando o termo foi empregado / implementado pela primeira vez no governo Nixon, gerou uma brancaleônica operação tática que paralisou toda a fronteira sul dos Estados Unidos, com um custo operacional descomunal, além de criar um sério problema diplomático com o México. É oportuno salientar que o evento foi um fiasco e nada foi encontrado, sobrando só o estigma político da “guerra” que sempre vendeu bem na “Terra do Tio Sam”.

Quando pedimos a um confeiteiro um bolo, ele nos entrega um bolo.

Quando o Sistema pede para o exército uma guerra, ele entrega uma guerra, pois é para isso que ele é formado – para a guerra, e os soldados, independentemente dos custos econômicos e sociais, são chamados de bons no que fazem e entregam mesmo a guerra!

Contra quem? Quem sabe?
Isso importa?

Estas perguntas, os profissionais de jornalismo da poderosa Rede Globo não foram capazes de responder. Mas, isso importa? Pra quem? Quem sabe?

Estas perguntas nunca serão respondidas, porque esta guerra é e sempre foi empreendida contra um fantasma: um fantasma social gerado em 1937 quando o golpe proibicionista foi levado a efeito e a lei contra a cannabis foi promulgada nos Estados Unidos. Naquele momento foi criada uma nova classe social: os traficantes de drogas.

De lá para cá, esta figura permeia o inconsciente coletivo do aparelho repressor do Estado, que viu nesta oportunidade uma forma de fortalecimento tentacular e eternização.
Criou-se a expectativa de que o poder violento da repressão seria a solução para a extinção da Planta. Então, o cenário de “guerra” foi montado e implementado.

Mesmo sem ter um inimigo visível o aparato foi montado, e consome bilhões de dólares/reais e milhares de vidas são perdidas todos os anos, numa louca caçada contra o “nada”, contra um “fantasma”.

Contra quem? Não importa!

De novo: contra quem? Uma planta. Por que? Ninguém sabe. Não importa.

O que importa é que alguém falou que é proibido. E pronto.

As normas técnicas exigidas na letra da Lei para a proibição das drogas nunca foram aplicadas ao THC (tetrahidrocanabinol), o princípio ativo encontrado na espiga (flor) da cannabis.

A base legal para a proibição da Erva no Brasil é um tratado internacional, não uma pesquisa científica.

Não existe um estudo do Ministério da Saúde que enquadre o THC na exigência legal para sua proibição. E nunca existirá, porque a dependência “física ou psíquica” não pode ser encontrada em nenhum teste científico sério, pela simples razão de que o Ser Humano pode produzir um hormônio – o endocanabinol, que é uma cornucópia do THC.

Por este motivo não se manifesta tal dependência,coisa que não acontece com o álcool e com o tabaco que, por interpretação jurídica legal, deveriam ser proibidos.

Alguns experts no assunto afirmam que o desejo pelo THC é o mesmo manifestado pelo chocolate.

Mas isso não importa!!!

O importante (para o Sistema) é manter a Erva Sagrada proibida, independentemente dos custos sociais e econômicos.

Enquanto nós (brasileiros) repetimos erros de quarenta anos atrás, a Europa e os EUA redescobrem os benefícios agrícolas e industriais que a cannabis - um presente de Deus para a humanidade - oferece.

São mais de vinte e cinco mil produtos provenientes deste maravilhoso arbusto. Nenhuma outra planta é tão prodigiosa como a cannabis. É por isso que ela é proibida.
Alimento, combustível (álcool e biodiesel), resinas industriais, fibras diversas, polpa de celulose, remédios eficazes inclusive contra o câncer... É por isso que ela é proibida.
Fumar sua resina é apenas o “bode expiatório”.

O problema da cannabis não é de saúde ou moral, o problema é que ela é tão maravilhosamente rica que interfere na economia, ou melhor, no interesse de alguns que querem o poder econômico mundial em suas mãos. Compreenda-se a indústria petroquímica; a produção mundial de papel; os conglomerados de produção de venenos agrícolas, sementes transgênicas e fertilizantes; a indústria farmacêutica de alta tecnologia e os investidores das Bolsas de Valores, que abrange este mercado mundial trilhardário.

Se o Paraguai se sujeita à interferência imperialista tupiniquim, o Uruguai é a outra face da moeda. Em breve o Uruguai será o exemplo a ser seguido, como precursor da redenção agrícola da cannabis, que será a base para um novo ciclo de desenvolvimento (sustentável) econômico e social.

Isso é uma profecia ou uma realidade histórica inquestionável? Não importa, mas é para esse futuro que o mundo caminha e a América do Sul também.

Resta-nos saber se estaremos neste trem do desenvolvimento sustentável, pois por vocação tecnólogica e agrícola teremos condição de ser locomotiva desta composição, ou daqui a quarenta anos estaremos falando ainda da “guerra contra as drogas”.

Está mais do que na hora da “Árvore da Vida” sair das páginas policiais para ser notícia no Globo Rural, nos cadernos de economia, agricultura, indústria e comércio.

Vamos tirá-la das Delegacias e Fóruns e colocá-la na Embrapa, Esalq, Senai, Ministérios de Agricultura e Saúde...

Vamos trocar o vulgo propositalmente pejorativo de “maconha” por seu verdadeiro nome: cannabis, a cana de dois sexos (bis), a cana do sonho do faraó (Gênesis 41-5,6,7...), que pela divina sabedoria de José, salvou o Egito, como salvou inúmeros outros povos. A “cana” que é um presente de Deus.

No meio das ruas da cidade, de um lado e do outro do rio, lá estava a “árvore da vida”, que produz doze frutos (hoje conhecemos 25.000 frutos), dando todo mês seu fruto; e as folhas da árvore eram para a cura das nações.” (revelações do apocalipse 22-2)

Que a sabedoria do nosso Pai Todo-Poderoso nos permita compreender a “Real Verdade”, fazendo com que sejamos homo-um pouco mais-sapiens.


Ras Geraldinho (por carta)

Líder religioso da Primeira Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Iperó, 07 de fevereiro de 2014

Décimo oitavo mês de direitos fundamentais negados pelo Judiciário paulista.

Que a paz duradoura do amor de “Jah” nos inunde e que a Justiça seja plena, ainda que tardia!

"Dos planos do desvalido vós zombais. Mas o Senhor é seu refúgio.
Ó! quem nos dera que de Sião saísse a salvação de Israel (Babilônia)."
Salmo 14-6,7


Sábado recebi, pelo meu anjo da guarda, a notícia de que a minha apelação fora votada no TJSP e que, por unanimidade, confirmaram a estúpida sentença de prisão, de sequestro do local da nossa igreja e acresceram alguns trocados à exorbitante multa, que nem sei exatamente o valor...

Deixo como reflexão o texto de Davi, que tem tudo a ver com aquela assembléia zombeteira que endossou o despautério da minha sentença.

Em verdade vos digo, eu criei inimigos poderosíssimos quando ousei criticar o sacrossanto Judiciário paulista!

O motivo da minha prisão não está no processo vinculado à quarta invasão ilegal da minha igreja. Meu calvário começou a ser montado quando, por ocasião da Primeira Marcha da Maconha de Americana (2009), o juiz proibiu a manifestação, atropelando vários direitos constitucionais.
Como eu acreditava na propaganda governamental de “democracia-liberal-laica-constitucional”, pensei ter o direito de criticar a Instituição. E o fiz.
Não descumprimos o mandado de proibição específico da Marcha da Maconha - coisa que acatamos, e não mencionamos a palavra “maconha”. Tampouco usamos criação gráfica de qualquer natureza relacionada à planta.

Porém, promovemos no mesmo local e hora marcada a Marcha Contra a Inconstitucionalidade do Judicário Paulista.

Saímos do estacionamento do Parque Ecológico da Cidade de Americana. Lá estavam cinco manifestantes, uns quinze repórteres da imprensa regional, inúmeras viaturas, alguns investigadores da Policia Civil em ação de arapongas, uns vinte Policiais Militares, mais uns trinta e cinco patrulheiros da Guarda Municipal de Americana.
A Marcha foi um sucesso. O custo da operação tática de repressão não imagino.

Caminhamos por mais ou menos 800 metros gritando palavras de ordem contra o Judiciário local e paulista. Basicamente mostrando a incoerência da Justiça de São Paulo, que proibia a livre expressão garantida no Artigo 5º da Carta Magna brasileira. A frase mais usada era: “A Justiça Paulista é inconstitucional”, tanto que em 2011, em decisão histórica, o STF suspendeu todos os atos de proibição, liberando a Marcha da Maconha.

Caminhando pela Avenida Brasil, chegamos em frente ao fórum onde fomos interceptados de forma descabida por todo o aparato repressor já descrito.

Questionamos sobre qual era a base daquela operação. Fomos informados que estavam seguindo ordens do delegado e do juiz.

Ficamos detidos por mais de cinco horas, onde virei “ave rara”, atraindo a atençao de todos os galões de autoridade que passaram pela delegacia para ver quem era o “velho maluco da maconha”.

Fomos liberados depois de uma estafante espera pelo nada. Com a desculpa de falha na impressora, dispensaram-nos com a promessa de receber cópia do BO, coisa que nunca aconteceu.
Isso pode ser confirmado pela imprensa local.

Desde então fui marcado como proscrito, e quando souberam que eu era líder religioso de uma igreja que tem em sua liturgia o uso da Cannabis – a famigerada maconha – fui colocado na lista de “procurados”.

Não era uma questão de se, passando a ser uma questão de quando.

Depois de quatro invasões ilegais, duas praticadas pela Policia Civil e duas pela Guarda Municipal de Americana (GAMA), fui preso preventivamente, julgado em três atos (3 audiências de duas horas cada uma), sob acusação de tráfico (que nunca existiu); corrupção de menor (recebi um estudante de 17 anos, sendo que eu não sabia a idade dele e que este sequer fez uso da Erva – os próprios patrulheiros negaram que ele estava fazendo uso) e de ter minhas testemunhas de defesa transformadas em réus, o que me rendeu também acusação de formação de quadrilha. Fui condenado a 14 anos e alguns meses de prisão.

Sem provas reais que sustentassem as acusações, a promotoria desmontou a história da minha vida, distorcendo a realidade, construiu uma tese baseada unicamente em semântica.
Fui debochado pelo senhor promotor, chamado de louco e vagabundo. Nunca me foi dado o direito do contraditório; todos os habeas corpus me foram negados e me encontro hoje aqui, nas masmorras do Sistema Prisional Paulista.

Assassinos das mais altas estirpes recebem o benefício de responder em liberdade, o que me foi negado.

Agora, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirma esta esdrúxula pena!

Então, eu vos pergunto: tenho ou não tenho inimigos poderosíssimos?

No momento da invasão promovida pela GAMA, eu mantinha vinte e quatro pés de Cannabis, plantados no jardim da igreja (o local é sempre fechado, longe de causar ofensa a alguém que passasse por ali), mais doze mudas em estágio embrionário, que eu mantinha em caixinhas de leite e que foram somadas às plantas adultas, figurando no inquérito como trinta e seis pés. A intenção de mau entendimento aí já se faz presente.

É importante lembrar que entre as audiências, fui intimado à responder ao processo da terceira invasão da nossa igreja, um processo que tramitou em outra Vara, com as mesmas características e com volume de 36 pés. Fui enquadrado no Artigo 28, que é o artigo de usuário.

Dos supostos 36 pés tirou-se um peso bruto de seis quilos, onde num exercício de retórica o juiz transformou em mais de sete mil baseados.

Mais uma vez a intenção do mau entendimento se faz presente, permeando o raciocínio magistral, que acatou o peso bruto. Levou-se em conta a planta viva como produto: raiz e terra, tronco, caules, ramagens, folhas e espigas verdes foram apresentadas como produto final, sendo que a preparação da Erva Sagrada requer apenas e tão somente as flores (espigas) ressequidas, que não correspondem a 10% do peso bruto in natura. Mau entendimento por ignorância ou intencional?

Saindo da área criminal, podemos dizer que é caso de Procon. É o mesmo que comprar a picanha e pagar pelo boi em pé com chifres, couro, cascos e ossos. Ou comprar maçã pagando pela macieira. Ou pétalas de rosa ressequidas pagando por toda a roseira. Socorro Procon!!!

A ação brancaleônica que culminou com a minha prisão e condenação começa com a apreensão de dois rapazes num bairro vizinho e que supostamente carregavam alguns gramas de maconha prensada no bolso e dois vasos plásticos, com aproximadamente meio litro cada um, cheios de terra.

A alegação dos patrulheiros era de que os vasos seriam usados para plantar maconha e a Erva prensada que eles portavam havia sido comprada na igreja.

Desta fantasiosa alegação a Promotoria tentou algumas vezes insinuar que nos vasos existiam pés da Erva – ideia mal-intencionada que subverte fatos e induz à conclusões distorcidas. Finalmente, por falta de sustentação, o promotor desistiu de utilizar a tacanha insinuação em sua tese.

Aqui se estampa a intenção da Promotoria: não importa prova nem verdade, tem que haver a punição. Existe um “quê” de vício inveterado onde o que está em jogo é a vitória, não importando a verdade, norma legal ou justiça.
É lamentável, é farisaico!

A sanha pelo castigo foi tão forte que a Promotoria de Justiça, injustamente, converteu minhas testemunhas de defesa (frequentadores da igreja) em cúmplices juntamente com minha companheira, cuja letra aparece em uma ficha de controle da igreja, sendo que ela não participava das reuniões e cuidava somente da limpeza e organização daquele espaço.
Hoje quatro brasileiros, sendo uma advogada, um empresário, um fotógrafo e uma cuidadora de idosos estão sob o perigo iminente de serem presos por frequentarem uma igreja. Pessoas que passam por constrangimento ideológico, religioso e moral.

E o TJSP endossa essa aberração de raciocínio, que age pelo anseio descomunal de proibicionismo, prejudicando vidas e o desenvolvimento sócio-moral de nossa nação.

“Sião será resgatado com justiça e seus convertidos com retidão.” Isaías 1-27

“Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da luz trevas e das trevas, luz; que poem amargo por doce e doce, por amargo! Os quais justificam o ímpio por suborno e negam o direito ao justo.” Isaías 5-20,23

Que a glória da luz de “Jah” se derrame sobre nós!


Ras Geraldinho (por carta)

Primeira Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

1º de Fevereiro de 2014

Sábado de visitas.

Sol inclemente e eu esperando a improvável visita...

Mais de uma hora em pé, depois de algumas outras horas sentado no chão: as duas únicas opções.

Cansado e com o peito oprimido, encontro no olhar caridoso de um irmão que mal conheço a oferta de um banquinho de plástico.

Estava eu naquele momento, pensando sobre o dia mais triste que passei até agora neste manicômio que a Matrix nos faz entender como "penitenciária".

Uma dor radiante na coluna que sinto já algum tempo também me fazia pensativo.

Três pequenas palavras: você quer sentar?... Palavrinhas que tocaram fundo minha alma, um ato bondoso que me emocionou. Refrigério para meu corpo, muito mais refrigério para minha alma!

E a escuridão transformou-se em luz.

E a minha visita chegou.

Gratidão ao bondoso Jah - Rastafari - que habita meu interior.

Em tempo: todas as vezes em que estivemos com Ras Geraldinho, seu semblante está sereno, suas palavras são carregadas de uma fé e confiança inabaláveis; não demonstra dor ou sofrimento. Por isso, este relato nos deixou tristes.
Neste dia, porém, saímos daquele vale de sombras muito mais fortalecidos do que quando entramos.
Pedimos à Jah que tenha misericórdia daqueles que foram instrumentos para força-lo a tão duras penas.(da equipe do blog) 


Não sou dono desta estrada, sou apenas viajor...

Agradeço aos os irmãos e irmãs de todo Brasil que tem se solidarizado e apoiado nossa causa e nossa Igreja. Que “Jah” ilumine todas essas pessoas.

É destas manifestações que emana a força necessária para podermos atravessar esse vale de sombras: são provas materiais da minha história de vida. O volume enorme de pessoas que me reconhecem como líder religioso é inconteste chancela da minha atuação social.

Infelizmente, a balança que pesou meus direitos humanos está enferrujada e nega a se equilibrar com o fiel da lubrificante Constituição Cidadã de 1988.

Volto a afirmar: não sou criminoso, não sou traficante. Sou um cidadão brasileiro, que pelo dom do conhecimento compreendeu que vivia em uma democracia plena e que, seguindo estritamente todos os preceitos legais constitucionalmente estabelecidos, acreditou que seus direitos humanos fundamentais seriam respeitados.


Hoje, depois de 18 meses dentro dos calabouços do sistema carcerário paulista, reafirmo todas as minhas convicções de fé e filosóficas.

Neste umbral das trevas podemos compreender a crua realidade humana. Aqui só o poder da fé edificante pode garantir o alvorecer.

Morar em condições de mendicância, deitado em piso de concreto, lado a lado com irmãos aidéticos e tuberculosos, nos faz refletir sobre o desenvolvimento espiritual da humanidade. 

Nos vivifica a experiência do Mestre que se relacionou com os leprosos (Lucas 17 – 11 ~ 19).

Não sou dono desta estrada, sou apenas viajor, quem planejou minha jornada foi meu Pai. Foi ele quem designou minha missão e este vale de sombras não é o fim, é apenas passagem e como tudo o que se encontra sob o céu, esta prova também terá um fim.

O meu prêmio e graça, será a vitória da Luz sobre a Escuridão.

Um dia tudo ficará claro e seremos libertos desta Matrix escravizante do poder econômico sobre o homem.

Haverá um tempo em que a verdade sobre a Erva Sagrada suplantará a mentira tirânica do hediondo poder econômico. E todos seremos livres.

Minha causa é inequívoca, o direito de uso ritualístico da cannabis, assim como de outras plantas é pétreo, e por isso nossa vitória chegará. Se não para mim, ela virá para uma nova ordem social que se liberta. Como diz Marcelo D2 : “Nossa vitória não será por acidente”

Um dia o homem neste país terá o direito de usá-la para sua libertação. Liberdade que não está na sua fumaça, mas no milagre de sua essência, nos mais de 25 mil produtos extraídos dela.

Então teremos o direito que um dia nos foi furtado, de usufruir da cannabis como alimento- a fonte nutricional mais rica entre todas as plantas, como combustível sustentável, como produtos industriais de baixíssimo custo, também como remédios eficazes inclusive contra o câncer, além de uma infinidade de outros usos.

Sabemos que a proibição da cannabis não está no “tapinha do baseado”. O hábito milenar de se fumar a Erva foi apenas o “bode expiatório”do embargo.

A verdade da proibição está no interesse econômico de pessoas que sabiam que a Erva era entrave ao sucesso da indústria petroquimica.

Sem esta ridícula proibição,o petróleo não seria a comoditie mundial que é hoje em dia.

Tudo o que obtemos com o petróleo pode-se extrair da cannabis sem os problemas ambientais, sociais e de saúde que o óleo fóssil nos oferece.

É interessante observar que o embargo da Erva advém da ascensão do petróleo e que a solução para todos os males que ele acarreta para a humanidade se encontra nela.

A cannabis liberta,enquanto o petróleo escraviza. 

Podemos afirmar que o problema do aquecimento global está diretamente ligado ao embargo compulsório da cannabis. O teor total desta bizarra história, que começou em 1922 com o descobrimento e o registro da patente do nylon pela Dupont nos EUA é enorme e recheada de absurdos jurídicos e violência institucional. Seria impossível contá-la em um único texto.

Para finalizar sobram estas questões:


Se nós sabemos de todo este complô contra a Erva; se sabemos que hoje ela é cultivada para a produção de fibra, tecidos, papel, remédio, etc … na maioria dos países europeus, sendo a França o maior produtor de semente de cannabis, porque a mídia de massa, só fala da “Maconha” ?

Porque só encontramos notícias sobre ela nas colunas policias dos jornais ?

Porque nunca encontramos matérias sobre cânhamo nos cadernos de agricultura ou no Globo Rural?

A resposta é simples: Porque ela continua ameaçando os interesses dos gigantescos grupos transnacionais que angariam lucros pornográficos com o embargo.

Assim, os agricultores continuam escravizados pelo Sistema e milhares de pessoas sofrem com o monstruoso regime de repressão.

Irônico é saber que o dinheiro oriundo do tráfico não significa uma milésima parte do que os agricultores, a industria e o País poderiam ganhar com a exploração sustentável da planta, que é um presente de Deus.

Gostaria de agradecer a atenção de todos os irmãos e irmãs que lerem estas palavras.

Sabendo que o candeeiro de Sofia ilumina e vence a escuridão, só posso desejar que a Luz e a Glória de nosso Pai Celestial nos inunde.

Com a graça de “Jah” - Ras Geraldinho
Rastafari !

1 ano e 4 meses confinado no vale de sombras

"Queridos irmãos e irmãs, que a glória e a infinita misericórdia do nosso Pai Todo-Poderoso se derrame sobre nós!

"Ainda que passe pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque Tu (Jah) estarás comigo. Tua vara e Teu cajado me encheram de alento." (Salmo 23-4)

Quero agradecer a atenção de todos os irmãos e irmãs que nos apóiam solidariamente e também aqueles que reconhecem o nosso trabalho religioso.


Tenho absoluta fé nos designios do meu Jah e sei que não é em vão este estágio da minha jornada neste plano.

Nossa luta é extremamente árdua e o apoio de todos os que compreendem o nosso sacrifício é fundamental.

Estamos iniciando um novo ciclo de nossas vidas e a fé na vitória da Luz sobre a escuridão da ignorância deve ser renovada!

2013 foi o ano da constatação da triste realidade da atual Matrix.


Vimos uma sociedade movida pela propaganda consumista, onde os valores humanos fundamentais são relegados à segundo plano. Percebemos que o povo não se comove mais com a política partidária, cada vez mais desacreditada. Esquemas de corrupção gigantescos foram descobertos, provando que, infelizmente, continua sendo muito fácil a prática do roubo do dinheiro público.


Testemunhamos também que a morte violenta e o assassinato tornaram-se fatos corriqueiros na sociedade atual.

Felizmente as ações positivas do inconsciente coletivo foram marcantes em 2013. Os protestos populares se espalharam pelo mundo e os brasileiros não poderiam deixar por menos, promovendo as mais democráticas manifestações de poder popular já registrados.

Na luta pela descriminalização da cannabis, apesar do encrudescimento do sistema repressivo, tivemos muitos avanços. A maior vitória veio do Uruguai que, capitaneado pelo Presidente José Mujica, quebrou os grilhões do preconceito e ignorância, tirando o THC da lista das substâncias proibidas naquele país.

Muito em breve nossos irmãos uruguaios começarão a colher as dádivas da Erva Sagrada.

Quando perceberem que a planta livre é o mais lucrativo comoditie agrícola existente, eles serão o exemplo a ser seguido.

Com a liberação do uso do THC, os outros vinte e cinco mil produtos provenientes da cannabis poderão ser manufaturados e comercializados.

Isso causará uma revolução agrícola naquele país, que será o primeiro a aproveitar "bum" econômico da safra canábica. No momento que entenderem que o cultivo extensivo do cânhamo é muito mais rentável que as culturas tradicionais, como milho e soja, a cannabis será a principal lavoura uruguaia.

Daí em diante a Luz da Verdade suplantará a escuridão da odiosa mentira imposta, por quase um século, pelos norte-americanos.

"No meio da rua das cidades, de um e de outro lado do rio, lá estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando todo mês seus frutos; e as folhas da árvore eram para a cura das nações." (Revelações 22-2)

Na cannabis está a libertação da escravidão econômica imposta aos agricultores pela "Monsanto/Cargill" do sistema. Estaremos livres, também, do jugo dos laboratórios europeus da indústria farmacêutica.

Centenas de oportunidades aparecerão com a cadeia produtiva da cannabis e a América do Sul, que é terra extremamente favorável para a cultura, conhecerá uma nova era de prosperidade.

Quando então poderemos usar a poderosa força dos medicamentos canábicos, como o hemp-oil por exemplo, no combate à maioria dos cânceres.
Remédios eficazes, por um décimo do custo das drogas químicas.

Poderemos também desfrutar da melhor fonte natural de alimentação, com a qual Jah nos presenteou: a farinha da semente de cannabis.

Tudo o que fazemos com a nutricionalmente pobre farinha de trigo, poderemos fazer com a rica farinha de cannabis.
Um alimento formidável, conhecido a milhares de anos, como neste registro bíblico: 
"Também tomarás da flor de farinha e dela cozerás doze bolos, cada bolo será de cerca de sete litros e meio." (Levítico 24-5)

A semente de cannabis é a única que contém todos os óleos graxos essenciais, entre eles os Ômega 3, 6 e 9, tem potencial farmacêutico; o óleo extraído dela tem múltiplos usos em todas as áreas industriais, principalmente no ramo alimentício.

além do potencial nutricional e medicinal, a Santa Kaia (cannabis) pode atender toda a necessidade de combustível do planeta, de forma barata e ecologicamente correta, pois o biodiesel extraído dela é muito menos agressivo para o meio ambiente do que o etanol e infinitamente menos violento para a vida do que os combustíveis fósseis (petróleo). Existe uma máxima que afirma: "o álcool (de cana ou milho) é renovável, o biodiesel de cannabis é sustentável."

No meu blog geraldinhoras@blogspot.com postamos um texto do mestre Jack Herer (in memorian) com a proposta para salvar o planeta, substituindo todo petróleo do mundo por álcool e biodiesel de cannabis.

Quando compilamos as informações dos indiscutíveis benefícios que a Erva nos dá, fica inevitável a formulação da pergunta: Se ela não faz mal, só faz bem, então por que esta proibição absurda?

A resposta é clara. Na verdade o embargo promovido contra a Árvore da Vida está exatamente no fato dela ser tão próspera, tão abençoada! O fato de fumarmos de sua resina foi apenas o bode expiatório da draconiana proibição. Sem este hediondo embargo, a indústria petroquímica não teria êxito, nem teria feito tanto mal para a humanidade.

Por isso, amados irmãos e irmãs, podemos vislumbrar um futuro pleno de graça, de abundância, de saúde e alegria, proporcionado pelo mais lindo presente que Jah nos deu - a Planta Sagrada, garantida por Ele no Livro da Gênesis (1-12).

Quando finalmente libertarmos a Santa Erva, estaremos libertando também as futuras gerações, que não mais passarão pelos sofrimentos da estúpida repressão criada pela estúpida proibição.

A Luz da Verdade é a mais poderosa arma de Jah, e por isso, tenho certeza da nossa vitória, que segundo Marcelo D2, não será por acidente.

Que 2014 nos revele um tempo de amor e paz, baseado na Justiça Divina e na infinita sabedoria de nosso Pai Jah - Rastafari

Ras Geraldinho
Elder da Primeira Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil