“Não
são os que tem saúde os que precisam de médicos, mas sim os
doentes...” (Marcos 2:17).
No nosso ordenamento jurídico saído da Constituição de 1988, a
saúde vem catologada como um direito, que se acha inscrito na Carta
Magna, no título VIII, relativo à ordem social, na sessão II, toda
ela consagrada à saúde.
O
artigo 196 da Constituição reza que “a saúde é direito de todos
e dever do Estado, garantindo politicas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação.”
Este
texto está na primeira página do livro “Saúde, cuidar da vida e
da integridade da criação”, organizado pelo Padre José Oscar
Beozzo, com textos de Roberto G. Nascimento, Calisto Vendrame,
Leonardo Boff, Tomico Born, Zilda Arns Neumann e Irma Scharammel.
Nesta
obra atualíssima, o venerável Calisto Vendrame, biblista da
Congregação dos Camilianos, com a experiência de toda uma vida
dedicada aos enfermos e à reflexão, a partir de uma leitura critica
da bíblia, nos ensina de forma categórica: “A civilização de um
povo mede-se pela sua atenção às pessoas mais frágeis e
desvalidas. Entre estas estão os doentes.”
“Não
existiu e não existe religião que não se interesse pelo valor da
vida e da saúde e que não busque uma interpretação da doença e
da morte.”
“Frequentemente
se recorda na Bíblia o caráter medicinal das doenças inflingidas
por Deus, que não quer a morte do pecador, mas que se converta e
viva.”
Para
exemplificar o caráter medicinal da religião, Calisto cita Isaías
32:21: “E dissera Isaías: que tragam uma posta de figos e
ponham-na na chaga, e sarará.”
Grande
parte da compaixão curativa da religião é testificada no livro de
Jó, onde encontramos um profeta mais que puramente serviente. Jó
debate e inquere os preceitos apresentados até então sobre as
“Leis Divinas”, debatendo diretamente com Deus.
Ele
encontra nesta contenda horizontes muito mais amplos do que os dogmas
estabelecidos até aquele momento. Mostra que o sofrimento físico ou
psiquico não advém de castigo, de pecados cometidos (Jó 9,2).
Também
podemos encontrar farta relação entre a religião e a cura em
Eclesiásticos. Encontramos diversos conselhos para evitar doenças e
como devemos encarar a morte. Está lá também a indicação de que
o recurso médico não contra a lei divina, pelo contrário, deve-se
honrar o conhecimento medicinal, pois ele é criação de Deus, assim
como Ele criou as Ervas Medicinais, entre elas a Cannabis Sativa.
Foi
Deus que deu ao homem a capacidade de descobrir suas propriedades
curativas e colocá-las ao seu serviço.
Calisto
Vendrame continua: “A cura dos doentes foi anunciada pelo livro de
Isaías como um sinal do advento messiânico. Então se abrirão os
olhos dos cegos e se abrirão os ouvidos dos surdos. Então o coxo
pulará como um cabrito e gritará a língua do mundo com alegria (Is
35:5,6).
… Existe
uma conexão tão estreita entre a saúde física e a espiritual que,
curar o corpo, ocupar-se dos doentes, pobres e exluídos, é sinal do
advento da saúde holística, da salvação global, trazida pelo
Messias.”
Encontramos
a confirmação destes palavras no Novo Testamento em Lucas 4.4:
“Jesus respondeu dizendo: Está escrito: não só de pão vive o
homem, mas de toda a palavra de Deus.”
No
Novo Testamento fica muito mais explícita a obrigação religiosa do
cuidado com os enfermos e com a cura.
Jesus
não repete a Lei do Velho Testamento simplesmente.
Ele
se apresenta como alguém que tem autoridade.
Isso
em nosso ver, da Congregação Etíope Coptic de Sião, se deve ao
fato dele ter adquirido enorme conhecimento em medicina durante suas
viagens pela India, onde aprendeu a medicina Ayurvédica, e na China
onde estudou a Tradicional Medicina Chinesa. Este extraordinário
conhecimento científico lhe proporcionou exercer todos os milagres
que ouvimos até hoje. Por este motivo, a cura dos doentes ocupa um
espaço privilegiado nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos.
Como
atesta Calisto: “É tão relevante a parte dos evangelhos que trata
das curas realizadas por Jesus que, sem ela, o texto não se
sustentaria. Os ensinamentos de Jesus estão intimamente ligados aos
relatos de curas, de modo a constituir com estes uma unidade...
… Sua
ação curadora se exerce de preferência em favor dos excluídos da
sociedade, que se tornam os incluídos do seu reino: os impuros
segundo a Lei; os leprosos, as mulheres, os endemoniados. Ele não
fez praticamente outra coisa se não pregar a boa nova e curar os
doentes, e deu aos apóstolos o mandato de fazer o mesmo: Ide, pregai
o Evangelho e curai os enfermos. (Lucas 6:19). E toda multidão
procurava tocá-lo, porque dele saía uma força que a todos curava.”
A
função sagrada da cura na religião é um bem da humanidade, dando
grande satisfação a todos, tanto para o refrigério do enfermo, com
enorme satisfação e alegria para o seu operador.
Salmo
16:11 – Tu me mostrarás as sendas da vida; em tua presença há
plenitude de alegria; em tú há delicias para sempre.
No
fundo, tudo é dom de Deus e glória do Criador, Senhor da Vida e da
Saúde.
Rastafari
com a glória de Jah.
(Relato
escrito de dentro do presídio de Americana por RAS GERALDINHO, em
16.11.2012)